quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que representa o Pearl Jam

No início dos anos 90, eu crescia junto com um movimento criado em Seattle nos EUA, que tinha tudo a ver com o modo como eu me expressava, me vestia, e interagia com o mundo. Kurt Cobain e sua camisa xadrez surrada, cobriam sua camiseta branca e seu jeans velho, enquanto seus pés vestidos de tênnis all-star preto, davam forma a mais um dos movimentos marcantes que o mundo do rock presenciou, o movimento Grunge.

Sua música e seu talento, contrastava com sua loucura e sua atitude subversiva, levando o Nirvana ao status de grande expoente da música nos anos 90. Junto com o Nirvana, nascia uma banda parecida, com um som pesado e um vocalista carismático, louco, e bem menos subversivo que o pai do Grunge, mas tão icônico e presente em nossas vidas, quanto o vocalista do Nirvana. Eddie Vedder, o surfista que virou rock star, transformou o Pearl Jam em uma das maiores bandas do rock and roll de todos os tempos, e colocou o álbum “TEN”, junto com o “Nevermind” do Nirvana, como o disco mais importante da década de 90. As canções memoráveis, aliada a voz poderosa de Vedder, fizeram com que essa banda incrível entrasse de vez nesse pobre coração cansado.

Quando eu era adolescente, virei um fã incondicional da banda, comprava tudo que se relacionava ao Pearl Jam, e me perguntava se um dia eu teria condições e o sonho de assistir a um show ao vivo.

Eu tinha uma namorada na época que se chamava Maria Claudia. Eu não falava uma vírgula de inglês, mas sabia que “Yellow Ledbetter” tinha tudo a ver com o nosso amor, coisa de menino mesmo, tocava o coração. Todas as canções do álbum “TEN” também tiveram um significado, e ver aquilo sendo executado, seria voltar as minhas raízes adolescentes, era tudo o que eu queria. Eu sempre tive um amor incondicional aos grandes nomes do classic rock, mas o Pearl Jam era a época em que eu vivi, junto com o Nirvana e o Radiohead.

Fui a vários shows internacionais em minha vida, mas sempre mantive esse sonho platônico, quase impossível de ver o Eddie Vedder ao vivo cantando “Even Flow”, “Black”, “Jeremy” e todos os clássicos do Pearl Jam. Foram 15 anos de espera, de sonho, de frustração, até que uma carta gigante de mais de 100 metros enviada pelo fã clube nacional aos membros da banda, tocou o coração daquele louco de Seattle.

Em 03 de Dezembro de 2005, meu sonho adolescente se materializou na minha frente, com a voz impressionante do Eddie Vedder ecoando pelo estádio do Pacaembú, levando o público a uma catarse coletiva, em que presenciei e fui as lágrimas, lembrando dos melhores momentos da minha vida. Fui um choro profundo, que parecia vir de dentro da alma, algo que me fez recordar dos grandes momentos da minha juventude. Um filme de 15 anos se passou na minha mente em apenas duas horas de espetáculo. Não havia nada de grandioso em termos de estrutura, era apenas a música, a nostalgia, e uma força vinda da massa que emocionava qualquer um presente no estádio do Pacaembú.

Para mim, foi pessoalmente o maior show de todos os tempos, como um elixir da alma que mantém o espírito adolescente.

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