segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O que foi o show do AC/DC


Sem dúvida foi a coisa mais impressionante que eu já vi na minha vida. Acostumado com o ambiente de shows internacionais no Brasil, fiquei completamente chocado com o que aconteceu no Morumbi na sexta-feira á noite. Um som absurdamente alto e perfeito, efeitos pirotécnicos que eu jamais vi em qualquer show que eu já havia ido. As imagens no telão de alta definição impressionavam pela qualidade de imagem como nunca foi vista antes, e a presença de palco de Angus Young e Brian Johnson comprova que sua reputação precede a grandiosidade de sua banda.

Existem coisas na vida que são insuperáveis, e acho que a abertura da “Black Ice Tour” é um claro exemplo disso. A animação em alta definição que abre o show no telão, completada com a explosão do trem que aparece no palco ao som de “Rock And Roll Train” no final, é tão espetacular e grandiosa como a magnitude da impressionante locomotiva de 6 toneladas que salta ao palco sob várias explosões subseqüentes ao ato. É tão chocante que paralisa seus olhos, mas fazem explodir sua emoção, te levando as lágrimas sem que ao menos você perceba isso. Foi exatamente isso o que aconteceu comigo naquela noite, e até agora eu não consigo esquecer tudo aquilo que eu tive o prazer de ver e ouvir.

O dia começou perfeito, com a fila gigante que se formava ao longo do dia em frente ao estádio do Morumbi. Tinha gente de todo o canto do Brasil. Tinha louco pedindo esmola para comprar ingresso com cambista. Tinha mãe, pai e filho na fila cuja família foi trazida pela paixão do filho pelo Angus Young, e não pela loucura do pai. Tinha uma quantidade respeitável de mulheres bonitas e até uma faixa engraçada de um louco de Porto Alegre que dizia...”Edir Macedo, meu dízimo é do AC/DC” (Já que vai pagar o dízimo pro diabo mesmo, então que seja pro Angus Young como me disse o dono da faixa). Tinha uma loira lindíssima querendo trocar ingresso de arquibancada por pista completamente desesperada (se você estivesse lá, teria vendido a alma do diabo de saia e olho azul, mas como eu temente a Deus resisti á tentação do demônio). Tinha uma mãe com o seu filho na pista, bem perto da grade no meio dos loucos (quem é mais louco? O filho, a mãe ou os dois?), e tinha também uns sósias do Angus Young passeando pela pista. Na fila tinha um grupo de cachaceiros profissionais com litros de whisk, vodka, cachaça, bacardi e cerveja, e um isopor que só tinha gelo para dar conta do bar inteiro. A repórter do SBT ficou louca de raiva quando a turba ignara gritava enlouquecida pelos seus dotes saudáveis quando a moça ingênua se aproximou da galera.

Uma das coisas mais incríveis que eu presenciei na pista, foi ver vários adolescentes acompanhados com os seus pais, que nem faziam idéia de quem era o AC/DC, mas vieram até o estádio para atender ao desejo mais extremo de seus filhos. Tinha pai chorando de emoção vendo a filha de 14 anos gritando o refrão de “Thunderstruck” com a cara pintada com o nome da banda. Ali me fez lembrar a minha filha Mariana, e torcer para que algum dia aquilo aconteça comigo. Vi também casais de namorados colados na grade parecendo show do U2.

A chuva foi também mais um item “rock and roll” adicionado á aquele dia de fúria. Nuvens negras e trovões raivosos pairavam no ar em cima do estádio, e a água abençoou os súditos do “coisa ruim” na tarde quente de sexta-feira. Quando um trovão aclamava sua voz aos céus, a galera reverenciava as forças da natureza gritando o refrão de “Thunderstruck”, onde nada era mais perfeito naquele momento. Quando Angus & Cia invadiram o palco, a nuvem negra da mãe natureza foi evaporada pela guitarra incendiária de Angus Young que não permitia que nenhuma gota de chuva descesse até o fim de seu show magnífico. Você duvida que as forças do mal estivessem ali presentes no estádio? Você queria o quê? Tinham dois chapéus infláveis gigantes do “coisa ruim” em cima da estrutura do palco apontando para o céu.

Foram 2 horas de uma apresentação épica e inesquecível, com clássicos misturados as músicas novas do álbum Black Ice que causavam uma catarse coletiva atrás da outra, e enlouquecia até aqueles que não conheciam a banda, mas estiveram ali para descobrir quem era. Uma revolução de som e imagem, em uma apresentação que misturava música, teatro e pirotecnia, e uma estrutura difícil de ser superada, como é o som do AC/DC. Eu jamais vou esquecer aquilo, e um dia irei contar aos meus netos que eu fui testemunha de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, e que quando eles estiveram por aqui, eu estava lá.

Um comentário:

Anônimo disse...

O loco não era de Porto Alegre e sim de Curitiba, sou eu !